Victor A
Estamos começando uma nova fase aqui no site e esta é a primeira de muitas outras novidades que estão por vir. A primeira delas é que além dos Top 10 já conhecidos, a gente inaugura a parte de entrevistas com algumas pessoas que consideramos de fundamental importância quando o assunto é música, sendo ele local ou não.
A pessoa que escolhemos para ser o primeiro a contribuir um pouco com sua história, conhecimento e uma grande simpatia é o produtor Rotciv, também conhecido por Victor A. Dono do selo Mister Mistery, Victor é a grande promessa em produção de Música Eletrônica, principalmente quando se trata dessa nova fase que a cena vive, a da Disco repaginada, com um toque antigo e nostálgico.
Além da entrevista, o nosso querido amigo preparou um set cheio de músicas inéditas especialmente para o site do BemBom. O resultado foi incrível, então é só por a trilha pra rolar e se deliciar lendo a entrevista.
Geraldo – Conta aqui, o que é o A de Victor A?
Victor – Então é do meu sobrenome que é Augusto e Victor augusto não fica legal pra dj, então virou Victor A em 97. Isso me irrita um pouco hoje, dae ultimamente to pensando em mudar pra Victor Rotciv o nome de DJ, e Rotciv o de produtor.
Geraldo – Como que você começou a produzir?
Victor – Tá meio difícil dizer quando porque eu já tocava piano e teclado aos 13 anos e com o teclado costuma fazer arranjos com batidas, acordes e tal. Depois, no final de 96 virei dj e não sei quando, mas não faz muito tempo, comecei a brincar no Fruity Loops, que é um programa dinossauro de fazer musica.
Geraldo – Qual foi o melhor contato? O de dj ou do piano?
Victor – Então, não sei! Sempre fui apaixonado pelo som do piano, todo mundo em casa fazia algum instrumento e eu optei pelo piano. O teclado foi mais tarde quando descobri que tinha mais opções de sonoridade, ah e eu desde criança gostava de Dance Music, nunca gostei de outra coisa, até sei apreciar hoje em dia porque aprendi, mas isso veio com o tempo. Em casa só se escutava Dance Music, Synth Pop, 80’s 90’s e tal, aquela coisa clichê, Depeche Mode e New Order
Geraldo – O que você faz além de ser dj, produtor e dono de selo?
Victor – Bom, dj foi meu primeiro emprego e continua sendo até hoje. Com 17 anos já tocava por ai, ganhava meus cachezinhos pra comprar vinil etc. Já trabalhei em outras coisas mas do ano passado pra cá larguei tudo pra focar na produção. Vim pra Floripa há 4 anos pra gerenciar um restaurante com meu irmão, que mora aqui a mais tempo. Fiquei por uns 3 anos só e nesse tempo não toquei muito, a noite de Floripa é meio fraca, e ia tocar em São Paulo muito de vez em quando, agora que voltei só a produzir e a tocar estou me sentindo mais feliz e realizado, mas a vida de artista é uma escolha difícil… Não dá pra se programar muito, fazer previsões de trabalho, grana etc. Penso que no ano que vem devo voltar a ter um dayjob.
Geraldo – Como produtor e pelo estilo da “Disco” voltar a estar na moda, as coisas melhoraram ou tem se mantido na média?
Victor – Sim, as coisas melhoraram obviamente, tanto porque o segmento ainda não é muito explorado aqui entre os produtores, quanto pelo sucesso que as produções minhas e das minhas parcerias tem feito de qualquer maneira a recompensa financeira não existe, tenho que ter isso através das gigs como dj ou live.
Geraldo – E sobre raves ai em Florianópolis, como que andam? Eu lembro que houveram umas festas grandes incluindo os clubes também. Como que ta a cena Underground e Mainstream aí?
Victor – Bom, estou em Floripa há 4 anos apenas, mas percebi que com a proibição das raves e outros fatores que a cena sofre com a falta de continuidade, é como se todo ano houvesse um começo e um fim com a saída do verão. Não posso falar pelo estado de SC porque existem muitos clubes fora de Floripa que tem uma cena estável, como o Warung, por exemplo. Em Balneário Camburiú, raves como Green Valley e Tribal Tech movimentam muito publico, na verdade a cena mainstream aqui funciona muito bem, enquanto a underground está mal das pernas.
Geraldo – Quais os lugares você toca quando está em Florianópolis?
Victor -Então, a única festa com meu perfil é a Devassa, do promoter e dj Tiago Franco, ela é itinerante e não freqüente, as vezes bimestral as vezes mensal. Já toquei e residi ate em alguns clubes aqui, mas todos “morreram”, não existem mais pela falta de publico como a Circuit por exemplo, que não durou nem 6 meses. Existem muitos clubes pro norte da ilha, como o P12, Km7, El Divino e outros, mas eu particularmente não me identifico com a proposta desses.
Geraldo – De onde vem essa influência de acid, chicago e detroit nas suas músicas?
Victor – Bom, acredito que minha musica é uma mistura de tudo que ouvi com o tempo, muita gente acredita que uma boa linha de som é ser “fiel” a um estilo, segurar bandeira, etc. Eu acredito no hibridismo, na mistura e na soma, não na segregação ou na linearidade, então isso vai meio no caminho contrario da maioria dos produtores, mesmo assim ainda tem sempre um som característico meu, mesmo com essa “bagunça de estilos” existe uma sonoridade própria, uma identidade…
Geraldo – Porque o nome Mister Mistery? Como que tá o selo?
Victor – Quando pensei em montar o selo foi por uma necessidade de lançar as minhas musicas, eu já estava sentindo um resultado bom desde 2005, ano que saí de São Paulo pra morar aqui em 2007 alguns djs já começaram a tocar minhas produções no horário nobre dos seus sets, como o Márcio Vermelho e o Pareto,
Então em 2008 lancei o primeiro trabalho comercial pelo selo do dj Pejota, o Rainbow Socks. Era um remix pra musica Trouble Vacation dele. O cdj já estava sendo mais usado nos clubes e os djs começaram a ver a mídia como fato secundário ou não tão importante, então resolvi montar o selo somente digital e também pelo fato do vinil ter produção mais lenta e cara. Depois fiz mais um release solo e comecei a pensar nas parcerias, um dos fatores principais pro sucesso do selo acredito. O nome Mister Mistery veio do nada, eu queria focar a atenção no mistério e nas sonoridades mais obscuras, fortemente influenciado pela Italo Disco, que na época do surgimento do selo (agosto 2008) estava sendo uma febre nos meus playlists. O nome Mister veio de uma das musicas que gostava muito e que está no top 20 que fiz pro BemBom, alias em 2 até. A palavra Mister também era bem comum na Italo. O nome Mister Mistery é grafado errado porque as palavras são quase iguais, porem mystery se escreve com 2 ys.
Geraldo – Sobre o MP3, como você vê esse tipo de mídia nos dias atuais? Você acha ruim que as pessoas baixem suas músicas, ou então que comprem e disponibilizem?
Victor – Então, isso é meio controverso sinceramente. Todo mundo baixa musica por ai, seja em blogs, sites ou nos soulseeks da vida. A internet tem o poder de divulgação muito rápido e intenso, mas eu como artista tenho separado um pouco o que disponibilizar ou não. Acho que a revolução mais importante do mp3 é fazer as pessoas verem que o importante é a musica e não a mídia em que ela vem gravada, isso tem ficado mais claro ultimamente, antes o dj era obrigado a ficar preso ao vinil, não tinha muita alternativa pra ter o tipo de som que gostávamos em outro formato, gastava rios de dinheiro por um vinil que tem uma musica de cada lado muitas vezes. Essa revolução tem um lado muito bom porque deu liberdade ao dj ter mais repertorio, que no final é o mais importante numa pista, noite ou mesmo em casa.
Geraldo – Quais são as novas produções? Dá pra adiantar uma?
Victor – Nesse ultimo período, depois de lançar 12 releases em pouco mais de um ano de vida da Mister Mistery, o feedback e as parcerias do selo começaram a frutificar fazendo minha produção e dos meus parceiros (Davis, Zopelar,Pejota, Pareto, Glocal, etc.) ganhar um destaque maior tanto aqui no Brasil quanto lá fora. As propostas e parcerias com outros selos e produtores estão sendo o enfoque no momento enquanto o próximo lançamento da Mister Mistery não sai. Recentemente lancei um EP solo pelo selo digital nacional Fat&Blind com venda na Beatport. Remixei a faixa “After Midinight” do duo Glocal para o selo italiano Rebirth com venda em todas as lojas e formatos (vinil, mp3, etc.) prevista pro dia 30 desse mês e em breve lanço mais um EP solo intitulado “Mistake” também pela Rebirth Records, selo que lança produções do Tensnake, Faze Action, Ajello, entre outros. Também lancei um projeto novo com o dj e produtor Luiz Pareto, sob o nome The Uncorrectables, com releases pelo selo dele (Rebolado) e também pela Mister Mistery
Geraldo – Você está com alguma residência?
Victor – Toco freqüentemente nos clubes D-edge (festa Freak Chic), Glória (Perversa), Vegas (Ludo) e agora no novo Hot Hot (festa Danceteria), todo em São Paulo… Em Florianópolis costumo tocar nas festas Devassa. Sem residência fixa mas toco regularmente nas festas.
Geraldo – Qual foi a festa mais legal que você já tocou?
Victor – Nos últimos 6 anos as Freak Chic (D-edge) foram as melhores festas que já toquei com certeza, mas lembro de uma Devassa no iate Casablanca muito especial e também algumas raves dos anos 90.
Geraldo – Pra tirar você de casa, o que uma festa tem que ter?
Victor – Música instigante, público interessado e amigos e se estiver tocando Rotciv, melhor ainda rsrsrsrs…
Geraldo – Como você reage ao chegar a um lugar e ouvir uma das suas produções?
Victor – Boa rsrsrsrs.. .isso tem ocorrido com freqüência. Já cheguei de surpresa em alguns lugares e vi que o dj toca minha musica sem saber que eu estou lá. A sensação é sempre muito boa, ver que varias das minhas musicas funcionam muito na pista de vários lugares e djs daqui. Ao mesmo tempo é uma sensação diferente pois foi você que criou a musica, então sempre olha pra ela de maneira critica e diferente, sei lá é único!
Sites:
http://rotciv1978.blogspot.com
http://www.myspace.com/djvictor_a
http://www.discogs.com/artist/Rotciv
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